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Estudo inédito mapeia a perda não contabilizada de vegetação natural não florestal na Amazônia

publicado: 03/09/2024 14h50, última modificação: 03/09/2024 16h09
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Em artigo liderado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o professor Fabio Alves (UFOB) está entre os coautores e coautoras da pesquisa publicada na Communication Earth & Environment do grupo Nature.

A pesquisa intitulada “Unaccounted for nonforest vegetation loss in the Brazilian Amazon” contou com a análise espaço-temporal de imagens de satélite baseada na metodologia de monitoramento PRODES para quantificar e compreender as perdas de áreas não florestais na Amazônia, igualmente vitais para a conservção da biodiversidade e ecossistemas regionais.

Resumo da pesquisa:

A Amazônia brasileira, mundialmente conhecida como a maior floresta tropical, enfrenta uma ameaça frequentemente negligenciada: a perda de vegetação natural não florestal. Essa vegetação inclui savanas, campinas, áreas sazonalmente alagadas e ecótonos, entre outras formações naturais. Embora menos conhecidas, essas áreas são cruciais para a conservação da biodiversidade e para o provimento de serviços ecossistêmicos essenciais. Porém, a falta histórica de mapeamento e monitoramento adequados dessas áreas contribuiu para subestimar sua importância e vulnerabilidade. Esta é a primeira vez que uma série histórica (2000-2022) consistente das formações não florestais da Amazônia foi mapeada, cobrindo uma área de 279.492,08 km², equivalente a 6,6% do bioma amazônico. 

Principais resultados: 

Perda total: A perda total de vegetação natural não florestal até 2022 foi de 29.247,44 km², representando 10% da área mapeada (279.492,08 km²). Mais da metade dessas perdas ocorreu nas últimas duas décadas. 

Altas taxas de supressão: A pesquisa revelou taxas altas de perda em áreas de vegetação natural não florestal, refletindo um padrão semelhante ao observado nas florestas amazônicas. As perdas foram impulsionadas pela expansão agrícola para novas fronteiras, como resultado do desenvolvimento de infraestrutura, como estradas e portos. 

Impacto das políticas públicas: Políticas públicas como a Moratória da Soja e o TAC da Carne, que visam restringir o desmatamento em áreas florestais, podem ter resultado na expansão dessas atividades em áreas de vegetação natural não florestal, considerando o fato destes acordos entre indústria e sociedade civil não incluírem tais áreas, permitindo que a conversão agrícola prossiga sem a devida supervisão. 

Baixa proteção legal: Apenas uma pequena fração das áreas de vegetação natural não florestal está protegida por unidades de conservação ou terras indígenas. Essa falta de proteção legal torna essas áreas extremamente vulneráveis a pressões antrópicas ocorrendo na região, como extração de areia e expansão agrícola. 

Tendências geográficas: As perdas mostraram uma tendência de deslocamento na direção sul-norte da porção brasileira do bioma Amazônia, concentradas em três hotspots: sul do Mato Grosso, com perdas predominantemente mais antigas, e norte dos estados de Roraima e Amapá, com perdas mais recentes. 

Savanas mais afetadas: As perdas ocorreram principalmente nas savanas (27,72% da área mapeada), que perderam 13,23% de sua área.

 

Acesso o artigo completo aqui: https://www.nature.com/articles/s43247-024-01542-0

 

Linhas de pesquisa

Sensoriamento Remoto, Mudanças do Uso e Cobertura da Terra, Conservação da Natureza

 

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