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Pesquisadores da UFOB atuam no enfrentamento da dengue e outras arboviroses

publicado: 26/02/2024 14h21, última modificação: 27/02/2024 06h32
Pesquisadores da UFOB Mayanna Fogaça, sentada, e Milena Souza e Jaime Henrique Amorim, em pé, em um laborátório

O Brasil vive uma escalada nos casos de dengue neste início deste ano. Dados do Ministério da Saúde mostram que o país mais que triplicou a ocorrência da doença em relação ao mesmo período de 2023. São mais de 710 mil casos prováveis, com 130 mortes confirmadas e cerca de outras 480 sob investigação pela pasta. Na Bahia, 64 municípios passam por epidemia de dengue, com outros em alerta, conforme o Sistema de Notificação de Agravos e Notificações (Sinan). 

A Região Oeste da Bahia também registra aumento nos números de casos de dengue e outras arboviroses, como são chamadas as doenças de causa viral e transmitidas por mosquitos. Em Barreiras, uma equipe formada por professores e estudantes de pós-graduação da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB)  tem atuado no enfrentamento dessas doenças. Em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, o grupo vem realizando exames RT-qPCR, uma técnica avançada que permite a detecção do material genético dos vírus para identificar arboviroses, dentre elas a dengue. 

Coordenado pelo professor Jaime Henrique Amorim, a equipe do Instituto de Virologia do Oeste da Bahia (IVOB) recebe os exames de casos suspeitos coletados pelo município, faz a análise molecular e disponibiliza em tempo real os resultados  para as autoridades de saúde. Segundo Amorim, a tecnologia avançada aplicada permite um monitoramento epidemiológico muito mais eficiente e confiável, com a detecção do vírus sendo feita na amostra colhida do paciente ainda doente. “Não há necessidade de coleta após o período de doença, nem de realização de exames complementares. A RT-qPCR é definitiva em indicar o diagnóstico”, destaca. 

No caso das arboviroses, o padrão de investigação laboratorial é conduzido em busca de dengue, zika e chikungunya, as mais prevalentes no país. Entretanto, conforme explica Milena Silva Souza, estudante de doutorado e biomédica integrante da equipe da UFOB, é possível buscar por outros arbovírus além da tríade mais comum no Brasil. Além de atuar prestando serviço, o equipamento é dedicado à condução de pesquisas científicas.

Com isso, caso um número importante de suspeitas médicas não sejam confirmadas nos exames de rotina, uma investigação laboratorial pode ser aberta para estudar a presença de outros arbovírus nas amostras dos pacientes doentes, tais como vírus da febre amarela, vírus do oeste do Nilo e vírus do Mayaro. É possível, ainda, estudar detalhes dos vírus, por meio de isolamento e propagação em cultura de células e sequenciamento genético de última geração em sistema de nanoporo. As informações geradas permitem avanço no conhecimento científico, para geração de novos medicamentos e vacinas e também para a formulação de políticas públicas mais eficientes no controle das doenças.

Laboratório de campanha

Credenciado pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Estado da Bahia (LACEN), o equipamento da UFOB já funcionou como laboratório de campanha durante a pandemia de Covid-19, oferecendo testes moleculares para diagnóstico da doença a mais de 40 municípios da região entre 2020 e 2023.  Também é capaz de oferecer testes especiais para detecção de vários vírus respiratórios, tais como HIV, monkeypox e arbovírus. 

Os estudos desenvolvidos pela UFOB nesta área contam com financiamento da própria universidade; do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq); da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb); e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em projetos de pesquisa e bolsas de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.