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Artigo avalia mediadores inflamatórios em pacientes com Covid-19

publicado: 15/03/2024 10h54, última modificação: 15/03/2024 10h59
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Um artigo escrito por pesquisadores do Núcleo de Estudos de Agentes Infecciosos e Vetores (Naive) da UFOB foi publicado pela revista científica internacional Prostaglandin and Other Lipid Mediators, do grupo Elsevier e especializada no estudo de mediadores lipídicos. Intitulado “Balanço de prostaglandina E2/Leucotrieno B4 e carga viral em diferentes estágios clínicos da COVID-19: um estudo transversal”, a pesquisa buscou avaliar os níveis dos mediadores inflamatórios no Sangue de pacientes em diferentes estágios clínicos da Covid-19.

As prostaglandinas e os leucotrienos são eicosanoides, um tipo de lipídio presente no organismo das pessoas que tem a função de regular a fisiologia e os processos inflamatórios. Eles são acionados toda vez que o corpo sofre uma lesão ou infecção, como é o caso da Covid-19. Nesta doença, o organismo é infectado pelo vírus SARS-CoV-2, e os pacientes podem não apresentar sintomas ou apresentá-los de forma leve, tais como dores no corpo, febre e cansaço, sintomas de uma inflamação sistêmica, ou grave, quando há sintomas respiratórios como falta de ar ou até mesmo a perda da função pulmonar.

Em situações como essa, normalmente o tratamento usado pelos médicos é com corticoides e a anti-inflamatórios não estoroidais. Estes, por sua vez, inibem, na maior parte das vezes, a produção de prostaglandina E2 (PGE2), o eicosanoide associado a esses sintomas. No caso dos corticoides, a inibição é na síntese de eicosanoides, tanto das prostaglandinas como dos leucotrienos, sendo estes últimos responsáveis principalmente pelas doenças alérgicas e respiratórias. No caso de infecções virais, um tipo específico dos leucotrienos, o Leucotrieno B4 (LTB4) tem sido associado a diminuição da quantidade dos vírus nas células infectadas. Por causa disso, os pesquisadores decidiram investigar como estariam os níveis de PGE2 e LTB4 em pacientes com COVID-19, desde aqueles sem sintomas, até aqueles que tiveram sintomas mais graves, precisando de internação.

O resultado do estudo apontou que os níveis destes mediadores inflamatórios não variaram com a gravidade da doença. Outro dado importante foi que os níveis de PGE2, um mediador inflamatório, estava diminuído nos pacientes com COVID-19 quando comparados com pessoas saudáveis. Também foi verificado que os níveis do LTB4 foram maiores em pacientes que tinham uma menor carga viral, indicando que este mediador realmente pode estar associado com o controle da quantidade de vírus em pacientes com COVID-19.

O artigo publicado pode, a partir desses resultados preliminares somados à literatura científica existente, auxiliar os cientistas que pesquisam a ação de eicosanoides em doenças como a COVID-19 a entender melhor a doença e, dessa forma, desenvolver tratamentos mais eficazes.

O estudo

Coordenado pelo Professor Théo de Araújo Santos, do Centro das Ciências Biológicas e da Saúde, o artigo envolveu a participação de estudantes de iniciação científica do PIBIC-UFOB, trabalhos de conclusão de estudantes do curso de Medicina, João Paulo Alecrim de Abreu e Maria Juliana Bezerra Costa, e foi objeto da dissertação de mestrado da estudante Larisse Ricardo Gadelha, no Programa de Pós-graduação em Patologia Investigativa (PPGPI). Também participaram da escrita os professores Larissa Paola Rodrigues Venancio, Mary Hellen Fabres-Klein,  Raphael Contelli Klein e Jonilson Berlink Lima, do Centro de Ciências Biológicas e integrantes do Naive UFOB.

Todo o trabalho foi desenvolvido com amostras obtidas durante a primeira onda da COVID-19 (ano de 2020), quando o Laboratório de Agentes Infecciosos e Vetores, realizou o serviço de diagnóstico molecular do vírus SARS-CoV-2 na UFOB.

Para acessar o artigo na íntegra, clique aqui.